quinta-feira, 11 de novembro de 2010

E a vida? Diga lá meu irmão...

Alan Caldas

A vida é curta e ainda gasto ela com bobagem. Nasci. Cresci. E estou aqui 53 anos!

53? Cruz-credo! A média de vida é 70 anos. Me sobram 17 anos então? É, só 17 anos. É. Só 17. E depois desses próximos 17, uma passadinha ali no LuÍs Schaumloeffel, a benção da irmã Beatriz, uma ou outra lágrima em frente ao caixão e lá vou eu cova Adentro. Da terra à terra. Do pó ao pó. E pulo no Grande Vazio.

Me aguarda o Céu? Talvez!

Me aguarda o Inferno? Talvez!

Me aguarda o nada? Talvez!

100% certo mesmo é que nunca mais escreverei esta coluna.

A vida é curta. Mas o que fazer dela?

Nascemos parvos. Gatinhamos. Andamos. Estudamos. Trabalhamos. Casamos. Descasamos. E vamos nos incomodando dia a dia com família, com vizinhos, patrões, empregados, políticos, ladrões, com os que têm mais, com os que têm menos, com os mais sábios, com os mais ignorantes.

Levamos uma vida de pequenas amarguras e pequenas alegrias.

De grande, mesmo, nada fazemos.

É que não sabemos o que fazer nesse curto espaço chamado vida.

Viajamos pouco. Beijamos pouco. Sorrimos poucos. Fingimos barbaridade. Nos fazemos. E levamos vida medíocre sem viver intensamente cada segundo do nosso tempo. E morremos. E somos esquecidos, como todos que, em vida nos antecederam neste teatro do viver.

As leis. As regras morais. Os medos. Tudo nos atrapalha. O medo então, bah, é o que mais nos atrapalha.

Nos pelamos de medo de coisas que jamais nos acontecerão. E seguimos sem amar, sem grandificar a nós próprios, sem deixar no mundo uma marca que faça esse mundo se aboquiabertar diante de quem fomos durante nosso tempo de vida.

O medo nos impede de nos agigantar.

Tememos perder o que nunca tivemos. Nos confundimos com migalhas que conquistamos e, temendo perdê-las, nos acovardamos.

Ser humano é ter medo. É se reduzir. É ficar atrás da árvore espiando a morte se aproximar.

Por não saber o que fazer com o espaço-tempo de vida, levamos vida miserável correndo atrás de dinheirinho, empreguinho, casinha, carrinho e nem temos fé, temos fezinha, a fé cega, a que remove montanhas, nos falta.

E assim um dia, sem mais nem menos, morremos. E ninguém sente nossa falta. Assim como não sentimos a dos que partiram antes de nós.

E é por isso que a única inteligência da vida é continuar vivo. Mesmo que vivendo miseravelmente. Por que você sabe: a morte acaba com a vida do homem.