Alan Caldas
O bispo Dom Zeno encerrou ontem a missa do Kerb de São Miguel dando uma violenta cacetada verbal no prefeito Miguel.
Miguel quer abrir a rua..... Essa rua existe no Plano Diretor mas não está aberta. Porém, se for aberta vai passar bem no meio da propriedade onde a Igreja construiu o Seminário Maria Auxiliadora. Com a abertura da rua, o ginásio do seminário ficará de um lado e a escola, refeitório, alojamento, etc., de outro.
Dom Zeno ouviu a Comunidade Católica, que não quer a divisão, e duas semanas atrás se reuniu com o prefeito. No encontro, pediu para não abrir a rua, pois ela dividiria o Seminário ao meio. Após uma hora de conversa, o bispo diz ter saído de mãos abanando, pois ele pedindo ou não, a prefeitura iria abrir a rua, mesmo que dividisse a propriedade do Seminário.
A missa do Kerb é a mais importante de Dois Irmãos. Dela participam em torno de duas mil pessoas, e é transmitida por rádio para toda a região. O Bispo, sem falar nada para outras pessoas, nem mesmo para o pároco e padres locais, veio rezar a Missa do Kerb. Fez as orações, autorizou os cantos, seguiu os sacramentos todos. E, ao final, antes da bênção final, começou a narrar, em tom contundente, a pretensão do prefeito Miguel de abrir a rua.
Com voz forte e de comando, Dom Zeno contou que o prefeito, mesmo ele tendo pedido em nome da comunidade católica, não cedeu, e iria abrir a rua, passando por cima do Seminário Maria Auxiliadora. Irritado com isso, Dom Zeno disse para os católicos fazer um abaixo-assinado “com 5 mil assinaturas”, dizendo-se contra a destruição do Seminário.
E disse mais: “Só na Alemanha Oriental (comunista) vi tal desatino”.
E disse mais: “se esse prefeito fizer isso, vocês (católicos) nunca mais devem votar no partido (PT) desse homem”.
As palavras do bispo foram fortes. Como fortes têm sido as desmedidas palavras do Presidente Lula, quando ataca violentamente a imprensa por escrever a verdade.
Estamos numa época de palavras fortes. A culpa é do presidente Lula, que destrambelhadamente “diz o que pensa”. E quem diz o que quer, ouve o que não quer, já dizia minha avó.
Se Lula fosse moderado, a Igreja Católica (que no fundo foi quem o criou, através das suas Comunidades Eclesiais de Base) talvez também medisse suas palavras. Mas não. Lula não mede o que diz. A Igreja não mede o que diz. E como o exemplo “vem de cima”, logo a população toda estará dizendo o que pensa. Nem que seja grosseiramente, como Dom Zeno e como Lula. E o exagero vai se tornar a regra das relações sociais.